sábado, 12 de octubre de 2002

Dia da Galiza combatente

Se celebra el 'Dia da Galiza combatente', motivo por el cual la organización NOS-UP organiza un acto en Pontevedra en el que se pronuncia un discurso del que ofrecemos un amplio extracto:

O nosso povo cumpre literalmente aquela máxima pronunciada por José Marti, líder da independência cubana: "Quando há muitos homes sem decoro, sempre há outros que tenhem em si o decoro de muitos homens. Esses som os que se rebelam com força terrível contra os que roubam aos povos a sua liberdade, que é roubar aos homens o seu decoro. Nesses homens vam milhares de homens, vai um povo inteiro, vai a dignidade humana". Essa é a dignidade combatente do povo galego, que hoje honramos condensada nas figuras de Alexandre Bóveda, Moncho Reboiras, Lola Castro e José Vilar.

Nom vamos repetir mais umha vez as biografias destes quatro patriotas exemplares. O primeiro representa umha geraçom consagrada à construçom política do nacionalismo galego, e esmagada por isso, sem piedade, pola Espanha fascista da que o actual regime é herdeiro directo. Reboiras é o rosto mais conseqüente da esquerda patriótica forjada no lume da ditadura, e nunca se insistirá o suficiente em que morreu metralhado por um inimigo ao que estava disposto e decidido a combater coas suas mesmas armas. O mais destacável da biografia de Lola e José é que nom se diferéncia substancialmente da da maioria de pessoas normais, humildes e honradas que componhem o nosso povo. A sua trajectória política é modesta: nunca figêrom parte dumha Direcçom, nunca pronunciárom um discurso ante um auditório, nem as suas declaraçons fôrom recolhidas jamais por qualquer meio de comunicaçom. Mas isso nom lhes impediu integrar umha das organizaçons de galegas e galegos que mais tem contribuído para a elevaçom da moral combatente da nossa naçom nas últimas décadas, e morrer nas suas filas, num dia como hoje, fazendo parte dum operativo militar contra a infra-estrutura do narcotráfico.

Companheiras e companheiros, nom é exacto dizermos que Alexandre, Moncho, Lola e José foram "mártires". O seu objectivo nom era o martírio, nengum deles/as procurava a morte, se bem sabiam que esta é umha possibilidade sempre presente para as boas e generosas, num país sem soberania, governado por ladrons e por fascistas. É por isso que nengum duvidou um ápice em assumir a possibilidade de ter que pagar o bem mais prezado, a própria vida, por erguer a bandeira da resistência nacional. Com certeza, ninguém como eles deu tanto valor à dignidade, à liberdade, ao bem-estar e ao progresso da Galiza e do seu povo trabalhador; por isso é que merecem o nosso maior respeito e tenhem todo o nosso reconhecimento. Nom por serem capítulos memoráveis dumha história passada, mas por constituirem o expoente mais elevado dum compromisso presente, dumha luita actual. É importante que isto seja bem compreendido: reduzir Alexandre, Moncho, Lola e José a quatro nomes, a quatro retratos, a quatro cabodanos, é desprezar o mais importante e actual das suas vidas, o valor humano e o compromisso militante infinito de cada um deles. Nom caiamos nunca na tentaçom de converter estes quatro compatriotas no nosso particular santoral laico: fagamos deles, porém, o alimento mais valioso da nossa moral revolucionária e da nossa implicaçom política. Trabalhemos e combatamos conscientes de que à luz do seu exemplo nom há esforço demasiado grande, nom há compromisso demasiado elevado, nom há tarefa demasiado difícil, nom há entrega demasiado valiosa. Fagamos dos seus nomes o alicerce da humildade necessária com a que entregar-nos ao nosso povo, da raiva e o valor imprescindíveis para combatermos sem trégua e sem objecçons o seu inimigo histórico. Que Espanha tenha claro, hoje que celebra o seu Império, que os e as independentistas galegas nom estamos aqui para lamentar quatro perdas, senom para acrescentar quatro exemplos de combate ao arsenal moral e militante com o que tarde ou cedo será derrotada!

Porque, companheiras e companheiros, o povo de Alexandre, de Moncho, de Lola e de José, segue a sofrer. A sua identidade esmorece vítima da mais selvagem vaga uniformizadora que a história tenha conhecido nunca; os seus direitos políticos seguem a ser negados; a sua dignidade nacional segue a ser humilhada; as suas condiçons de vida e de trabalho som cada vez piores; a sua terra e a sua paisagem som pervertidas e espoliadas para benefício alheio; as suas mulheres discriminadas e sobre-exploradas; a sua mocidade segue a ser excluída e alienada... E mentres isto acontece, as galegas e os galegos seguimos pelejando, e o nosso povo segue a dar pequenos grandes exemplos de compromisso incalculável. Por isso é obrigado que hoje fagamos referência aos casos concretos de três companheiros independentistas: 
O primeiro deles é o de Armando Ribadulha, detido em 1998 nesta mesma cidade por participar nas luitas contra a empacotadora de Vila-Boa, e condenado pola justiça espanhola a ano e meio de cadeia num processo no que --por certo-- o concelho de Ponte-Vedra se apresentou como parte acusadora. O seu é mais um caso de repressom, mas também um exemplo de dignidade e inteireza à hora de enfrentar umha pena real de privaçom de liberdade, e sobretodo de solidariedade e apoio social, materializado nos centos de pessoas que anonimamente contribuírom para juntar os mais de 6.000 euros em que o inimigo cotizou a liberdade da que hoje pode desfrutar, graças ao que deve ser considerado umha vitória sem paliativos do nosso movimento. 
O segundo é o do companheiro da AMI Vítor Lourenço, detido e acusado de participar numha acçom de sabotagem contra interesses bancários durante a Cimeira Europeia de Ministros de Justiça e Interior celebrada este ano em Compostela; através dum processo irregular e carente de provas, o poder espanhol pretendeu escarmentar e intimidar umha juventude cada vez mais decidida a superar os seus próprios medos e enfrentar a opressom de forma directa. Nom o conseguiu: Vítor está hoje em liberdade sem cargos.

O terceiro é o do companheiro de AGIR Alexandre Fernandes, expulso por três anos da universidade como represália ao papel protagonista e dinamizador que a esquerda independentista está a desenvolver no seio do Movimento Estudantil Galego. A Universidade de Santiago de Compostela viu-se obrigada a recorrer a um processo sem as mínimas garantias, levado a cabo com nocturnidade e aleivosia durante os messes de verao, para castigar umha atitude exemplar de insubmissom e defesa dos interesses educativos do nosso povo. Esta, amigas e amigos, deve ser umha derrota do poder espanhol no seu intento estéril de escarmentar e reprimir as nossas ánsias de democracia e liberdade!

Companheiras e companheiros, a nossa presença hoje aqui nom é mais umha assistência ritual a um acto de simples homenagem à memória histórica e de combate da naçom galega. É, antes bem, um acto de reafirmaçom da nossa vontade, da nossa capacidade e do nosso compromisso de luita. Umha luita que por natureza há ter na repressom e na sanha espanhola umha das suas constantes, e que por isso deve de ter na nossa firmeza, na nossa coragem e na nossa entrega umha exigência. Aqui nom estamos para chorar quatro mortes, senom para recolher quatro fuzis e quatro exemplos. Hoje mais que nunca, é necessário rachar o véu da "normalidade democrática" com que o poder espanhol quer ocultar o carácter conflituoso e violento da opressom. A Galiza combatente está viva. Está-o nas luitas vicinais, nos conflitos operários, nas greves gerais, nos enfrentamentos populares à ordem vigente, na resistência estudantil, nas respostas à polícia e nas sabotagens anónimas aos interesses turísticos, comerciais e financeiros do inimigo que se venhem produzindo nos últimos meses. Está-o nas ruas, nas paróquias, nas aulas, nas fábricas e nos centros de trabalho da nossa naçom. Segue a está-lo nos coraçons e na vontade dos melhores filhos e filhas do povo trabalhador galego, na sua dignidade inquebrantável, no seu valor, no seu amor sem limite à Terra e à Liberdade. Está hoje aqui, nesta praça ponte-vedresa, vencendo o esquecimento e renovando o compromisso de tantos e tantas que nos precedérom, que luitárom e morrêrom para que a Galiza viva.


VIVA A GALIZA COMBATENTE!! 
ALEXANDRE, MONCHO, LOLA, JOSÉ...................PRESENTES!!!
VIVA GALIZA CEIVE, SOCIALISTA E ANTIPATRIARCAL!


Ponte-Vedra, 12 de Outubro de 2002