miércoles, 17 de abril de 2024

Comunicado del CPIG

El Colectivo de Presas y Presos Independentistas Galegos (CPIG) redacta una vez más en el mes de abril un comunicado del que ofrecemos un extracto:

Os/as presos/as da resistência galega somos presos/as políticos/a. Formamos parte de uma histórica dissidência popular arredista enfrentada ao colonialismo espanhol. Para o Estado que nos submete, como espaço do monopólio da violência autolegitimada moralmente, somo “terroristas”, o grosso palavrom do nosso tempo, cujo poder emocional tem suscitado tanta confusom.
É curioso como um termo ligado originalmente ao enorme poder e capacidade repressiva que pode ser capaz de exercer o Estado capitalista moderno através de “leis de exceçom”, “leis de suspeitosos”, “tribunais especiais”, “execuçons sumárias”, “jurisdiçons excecionais” e estruturas para-legais para a defesa da “raçom de Estado”, como foi o contexto da centralizaçom política e conformaçom do Estado burguês dos primeiros tempos da revoluçom francesa, acabou transladando-se de jeito totalemnte desvirtuado, às manifestaçons populares susceptíveis de desafiar o monopólio da violência do Estado capitalista e a sua capacidade de controlo e domínio.

Nos últimos 30 anos, e muito especialmente trás os ataques em Nova Iorque de setembro de 2001, o termo “terrorista” tem ido adquirindo uma versatilidade extraordinária, utilizado como arma político-ideológica sem margem para qualquer modulaçom. Todos os Estados industrializados se afanaram por saldar as suas contas com as dissidências internas convertendo-as em “ameaças terroristas”, a cuja cabeça se encontra, como nom podia ser de outro jeito, os EEUU e o seu listadoi global de “Grupos Terroristas Especialmente Designados”.
No Estado espanhol a reforma do Código Penal de 2015 foi a última volta de porca na linha de abrir as poucas cancelas que ainda coutavam o seu alcanço.

O “terrorismo” expressa bem o fundamento mistificador do poder espanhol, que invisibiliza sempre a ordem de violência, exploraçom e assovalhamento que padece a nossa Naçom à vez que deslegitima e condena a quem exercer o seu direito à autodefesa. A legislaçom internacional reconhece a legitimidade da luta por todos os meios disponíveis, incluída a luta armada, dos povos baixo dominaçom colonial ou ocupaçom extrangeira.

“A violência maior do Estado legitima-se moralmente reconhecendo certos fins, as violências menores som deslegitimadas moralmente porque tratam de reapropriar-se dos meios. O nível dos fins é aquele no que o Estado se volve moral e no que toda alusom aos meios se volve imoral”. (...)

Baixo este régime repressivo foi assassinado Moncho Reboiras e detidos/as e encarcerados/as militantes da Uniom do Povo Gaelgo em agosto de 1975.

O 26 de agosto de 1975 o governo do franquista Arias Navarro aprova umha duríssima lei anti-terrorista. En 1978 -ano da aprovaçom da Constituiçom Espanhola e num contexto de enorme agitaçom política e social- seria aprovado um decreto sobre segurança, conhecido como Lei anti-terrosita, em vigo até 1988. Esta lei previa a prolongaçom da detençom governativa até 10 dias. Foi-lhes aplicada aos independentistas galegos de LAR (Loita Armada Revolucionária) e a um colaborador do Exército Guerrilheiro do Povo Galego Ceive (EGPGC), Suso Paz, detido em julho de 1987.

O Tribunal Constitucional declarou posteriormente inconstitucional esta prolongaçom do tempo de detençom incomunicada, rebaixando-o a 5 dias, assim como anulou a possibilidade da incomunicaçom do detido sem prévia decisom judicial. Foi substituída pola Lei 4/1988 que, com pequenas reformas posteriores, é de aplicaçom atualmente. Baixo esta Lei -que contempla a incomunicaçom até 5 dias- foram detidos/as e encarcerados/as os/as presos/as do EGPGC e da resistência galega. (...)
Todos/as os/as independentistas galegos/as forom encarcerados/as em prisons fora da Galiza, a centos de quilómetros dos seus fogares. Apenas os/as últimos/as prisioneiros/as do EGPGC e da resistência galega forom repatriados a cárceres na Galiza a finais dos anos 90 e a partir de 2019 respetivamente.
(...)
Atualmente dous presos da resistência galega (um em Teixeiro e outro na Lama) som os que mais cárcere levam pagado de forma continuada desde que os primeiros nacionalistas galegos entraram em prisom lá por 1975. Com umha condena de 13 anos e 9 meses, depois de mais de 12 cumpridos em diferentes cárceres espanhois, de muitos anos em 1º grau, de cumprirem sobradamente os requisitos objetivos exigidos pola lei para, nom só o desfrute de permissos, senom também para a sua classificaçom em 3º grau e a concessom da liberdade condicional depois de que o último ciclo de luita protagonizado pola resistência galega se desse por finalizado… depois de tudo isto, o cárcere de Teixeiro denega a finais de 2023 a solicitude de um permisso por, literalmente, “pertença a organizaçom terrorista” e a “perigosidade” do solicitante. O permisso foi finalmente conseguido tras um posterior recurso ao Julgado Central de Vigilância Penitenciária, o que nos dá umha ideia da excecionalidade que ainda vivem os/as prisioneiros/as da resistência galega.
(...)
Alguém se imagina os/as presos/as independentistas galegos/as pedindo perdom às grandes inmobiliárias e construtoras, à ENCE, à Banca, ao alcalde franquista de Beade, ao ex-diretor geral de Caixanova e ex-presidiário José Luís Méndez, a Alberto Nuñez Feijoo… polos danos patrimoniais causados pola resistência galega durante quase vinte anos?
Alguém teria imaginado a Nelson Mandela, co-fundador e dirigente da organizaçom guerrilheira uMkhonto weSizwe (Lanza da Naçom) em 1961 que levou adiante a loita armada contra a minoria branca, pedindo perdom ao regime de apartheid? A que nom.
Num paralelismo com a resistência galega, “Lança da Naçom” realizou açons de sabotagem, incluíndo explosons em instalaçons militares, linhas telefónicas, plantas nucleares e sistema de comunicaçons, açons executadas pola noite para minimizar danos colaterais indesejáveis. O mesmo Mandela aseverava que tinha escolhido a sabotagem porque evitada a perda de vidas.
(...)
A defesa da Terra (na sua complexa significaçom material, territorial, natural, existencial, espiritual e identitária, em tanto que memória social e arquivo da memória coletiva) nom é delito. É um dever moral, mesmo que esteja severamente punido polas leis de um Estado capitalista como o espanhol a funcionar historicamente como crime organizado na nossa Naçom.
(...)
O Tratamento penitenciário teoricamente é voluntário, portanto pode ser rechaçado, o que fazemos os/as presos/as do CPIG. Ora, o seu rechaço implica automaticamente a “nom consolidaçom de umha série de fatores resocializadores e reeducadores” que o regime carcerário exige habitualmente à hora de dar permissos, progressons de grau ou obter a liberdade condicional.
(...)
Em termos legais, a liberdade vigiada consiste no submetimento do excarcerado/a a controlo judicial através do cumprimento de umha série de medidas. Para o último preso da resistência galega posto em liberdade (dezembro de 2023) estas medidas forom as seguintes:

Obriga de estar sempre localizável mediante aparelhos eletrónicos que permitam o seu seguimento permanente, tendo a obriga de apresentar-se no lugar, dia e hora que se determine e se lhe indique pela Administraçom penitenciária, com o objectivo de levar a cabo as atuaçons técnicas necessárias para garantir o adequado funcionamento dos componentes que integram estas equipas de controlo e seguimento e, assim, garantir o cumprimento desta medida.
Obriga de apresentar-se cada 15 dias na comissaria local da polícia mais próxima ao seu domicílio, provisto de documentaçom original em vigor com a fim de acreditar a sua identidade.
Comunicar imediatamente, no prazo de 7 dias naturais cada mudança de lugar de residência ou do lugar ou posto de trabalho, na sé policial onde tenha fixadas as apresentaçons até esse momento.
Proibiçom de ausentar-se da província na que reside sem autorizaçom do Juíz ou Tribunal.
Proibiçom de comunicar-se com o resto de penados na mesma causa por nenhum emio físico ou virtual e a nom se aproximar deles a menos de 500m.
Proibiçom de desenvolver atividades laborais com afetaçom à segurança pública (aeroportos, portos, centrais nucleares ou insfraestruturas críticas em geral) ou a participaçom ativa que implique algum tipo de tutelagem, docência ou administraçom nos campos educativo, cultural ou lezer.
Proibiçom de adquisiçom de precursores suscetíveis de serem utilizados para cometer atentado terrorista ou material pirotécnico, assim como a necessidade de autorizaçom para alugar viaturas a motor de categoria igual ou superior a um turismo.
Proibiçom de participaçom ativa em qualquer tipo de ato público, palestra, conferência, ponência ou semelhante, programa de difusom em rádio e televisom, tanto de forma presencial como em formato “online”, organizado com a finalidade de exibir a sua experiência terrorista e revestir a mesma como exemplo para a audiência.
Proibiçom de participar em atos públicos organizados com o objetivo de exaltar ou enaltecer qualquer grupo terrorista ou a alguem dos seus membros, incluído qualquer tipo de ato no que ele mesmo seja o homenageado. Com especial significaçom aos atos que representem qualquer tipo de humilhaçom das vítimas do terrorismo.
Proibiçom de acesso a entornos virtuais proclives à radicalizaçom. Para isso deverá aportar ao corpo policial onde realiza a apresentaçom os seletores dos que faça uso no espaço virtual como som as linhas de telefone com conexom a internet, correios eletrónicos e perfis em redes sociais e aplicaçons de mensagens instantáneas.
Proibiçom de aceder a estabelecimentos comerciais como locutórios ou centros de chamadas e/ou navegaçom por internet.
Proibiçom de aceder a estabelecimentos comerciais que desempenhem a sua atividade como locais de envio e recepçom de dinheiro.
Proibiçom de toda atividade relativa à possessom, depósito ou adquisiçom de drons completos ou das suas partes, ds estaçons de terra para operar com os mesmos, assim como de software e dos componentes independentes cuja ensamblagem ou montagem permita a fabricaçom de umha aeronave nom tripulada por controlo remoto. Aliás da proibiçom de registar-se como operador no registo de operadores AESA.
Proibiçom da adquisiçom de materiais que sirvam para a fabricaçom das peças ou das partes necessárias para a construçom de aeronaves nom tripuladas viáveis de desenho próprio.
(...)
Os/as presos/as independentistas galegos/as, baixo o tipo delitivo terrorista, ao socaire do discurso de segurança, som contemplados como “sujeitos perigosos”, “delinquentes por conviçom” que devem ser “neutralizados”. Como esta perigosidade continua umha vez cumprida a pena que nos foi imposta por um tribunal especial, abre-se passo o “Direito penal do risco”, a consideraçom de que há que atender também esta perigosidade futura, pois se estima que a sociedade nom tem por que assumir todo o risco que geramos quando já temos cumpridas as nossas penas de prisom.

Esta reflexom feita por umha professora de Direito penal é bastante ilustrativa:

“Afirma-se que a liberdade vigiada vem suprir o défice em prevençom especial que apresentam as penas longas privativas de liberdade às que som condenados os terroristas. Porém, resulta surpreendente que o trabalho de prevençom especial que nom se tem podido fazer em catividade se pretenda fazer em liberdade e, em muitas ocasions, depois de longas condenas de prisom. Como vai saber o Tribunal que tem que impor a liberdade vigiada nas sentenças condenatórias por terrorismo que o condenado vai estar necessitado desta prevençom umha ez extinguida a condena de prisom de 10, 20 ou 40 anos?

17 de abril. 2024. DIA INTERNACIONAL DOS/AS PRESOS/AS POLÍTICOS/AS. COLETIVO DE PRESOS/AS INDEPENDENTISTAS GALEGOS/AS.

VIVA GALIZA CEIVE.

DMQE.”

lunes, 1 de enero de 2024

Auto de la Audiencia Nacional

La Audiencia Nacional confirma la decisión del Centro Penitenciario de A Lama de intervenir las comunicaciones orales y escritas del preso Eduardo Vigo, por su capacidad "de dar respuestas, enviar consignas e influir sobre otros miembros del colectivo", según consta en un auto de 11 de diciembre de la Sección Primera de la Sala de lo Penal, cuyo ponente ha sido el magistrado José Ricardo de Prada (532/2023).

En la resolución, los magistrados confirman la decisión previa del Juzgado Central de Vigilancia Penitenciaria en el que se pone de manifiesto que hay indicios de que Eduardo Vigo pertenece al Colectivo de Presos independentistas gallegos, que emitió el 11 de octubre de 2022 un comunicado.

Este escrito del colectivo de los condenados en Galicia por terrorismo denota la capacidad, según la Audiencia Nacional, de que los presos mantengan "respuestas colectivas", aunque en el caso del comunicado de octubre de 2022 se referían a que daban libertad a los encarcelados para aceptar la legalidad penitenciaria y aprovechar los beneficios penitenciarios.

Pese a reconocer que esta reacción del colectivo de presos es "positiva", la Sala apunta que esto podría ser diferente en el futuro: "Por ello consideramos que en tanto que exista comprobadamente una red de comunicación de presos organizada y de la que el recurrente sea un nodo [...] resulta perfectamente razonable el control de sus comunicaciones en los términos establecidos".

La Audiencia Nacional toma esta decisión pese a reconocer la evolución "favorable" del interno, que ha pasado a segundo grado; y que la organización terrorista fue desmantelada, por lo que no tiene capacidad para proseguir con su actividad violenta. Sin embargo, prosigue el auto de De Prada, este colectivo tiene capacidad para "enviar consignas para la adopción de medidas de presión, tanto sobre las autoridades penitenciarias como de otros internos vinculados o presuntamente relacionados con la misma organización delictiva".

El Centro Penitenciario comenzó a grabar las comunicaciones de Eduardo Vigo tras difundirse el comunicado del Colectivos de Presos Independentistas Gallegos al considerar que existían "riesgos evidentes de utilización de las comunicaciones orales o escritas como vía de transmisión de información, tanto del personal trabajador del Centro como de sus instalaciones, que pueden poner en peligro tanto la seguridad del Centro como la de las personas que acuden al mismo, así como de los trabajadores". Con esta medida, Instituciones Penitenciarios trataba de evitar que a través de las comunicaciones los presos pudieran "recibir o enviar consignas para la adopción de medidas de presión", tanto sobre las autoridades penitenciarias como de otros internos vinculados o presuntamente relacionados con la misma banda armada "y que podrían desear acogerse a medidas de reinserción y desvincularse de toda organización delictiva", prosigue la resolución.

El abogado del condenado pedía que dejaran de grabar lss llamadas telefónicas de su clienye al considerar que tras más de diez años preso este nunca ha sido objeto de sanciones disciplinarias. También resaltaba que las comunicaciones interceptadas hasta el momento "no consta ninguna que comprometa la seguridad del centro, de sus profesionales o del resto de internos; no consta la recepción o envío de consigna alguna ni de la banda armada (desarticulada desde hace más de cinco años) ni de otros internos condenados; no consta que la extinta organización "Resistencia Galega" atacase los bienes o intereses de estas autoridades".

También aludía que Eduardo Vigo se encontraba en un módulo de respeto y convivencia, que lleva ya cumplida casi tres cuartas partes de la condena, "recibiendo constantes gratificaciones por su actividad penitenciaria, lo que no sería posible en el caso de que mantuviese una actuación hostil con el centro penitenciario, los funcionarios u otros internos".

Eduardo Vigo fue detenido el 30 de noviembre de 2011 cuando portaba tres termos metálicos cargados con seis kilogramos de explosivo. Fue condenado en primera instancia por la Audiencia Nacional a 18 de prisión, una pena que redujo el Tribunal Supremo hasta los 13 años y 9 meses.

viernes, 29 de diciembre de 2023

Permiso penitenciario

Después de 12 años en la cárcel, Roberto 'Teto' Rodrigues Fialhega se convierte en el primero preso independentista gallego en salir de permiso de la cárcel de Teixeiro (La Coruña). Teto Rodrigues es el primero de los reclusos del Colectivo de Presas Independentistas Galegas (CPIG) que consigue acceder a beneficios penitenciarios después de cambiar la estrategia colectiva del CPIG y tras varias solicitudes denegadas. Desde hoy, tendrá seis días de permiso.

lunes, 11 de diciembre de 2023

Salida de la cárcel

Miguel García, sale de la prisión de Teixeiro tras cuatro años y medio encarcelado. Fue detenido en junio de 2019, acusado, junto con Joám Manuel Sanches, de dar cobertura y apoyo a líderes independentistas Antom García y Assum Losada. Estará un año de libertad vigilada durante el cual portará una pulsera electrónica y deberá presentarse cada quince días en comisaría; además, tampoco podrá “salir sin permiso de la provincia de Ourense”.
El auto también prohíbe a Miguel “participar activamente en cualquier evento público, conferencia, discurso o similar, programa transmitido por radio o televisión, presencial o en línea”, organizado con el propósito de mostrar su experiencia terrorista.

miércoles, 11 de octubre de 2023

Comunicado de presos

Con motivo del "Dia da Galiza Combatente", el colectivo de presos independentistas publica un comunicado del que ofrecemos un extracto:

O 11 de outubro de 1990 os jovens independentistas galegos, José Inácio Vilhar Regueiro e Dolores Castro Lamas falecêrom no transcurso de umha acçom armada protagonizada polo Exército Guerrilheiro do Povo Galego Ceive.

Desde começos de século, os/as arredistas galegos/as temos erigido esta data para comemorar a lucidez, a coragem e a deterninaçom de tantos/as galegos/as que ao longo da história tenhem enfrentado o Estado opressor espanhol, transgredido e desobedecido as suas leis e desafiado o seu monopólio da violência.

A reatualizaçom das formas de conflituosidade e a impronta da memória coletiva como estruturante das escolhas no relativo aos modos e maneiras de atuar som o cerne disso que conhecemos como “cultura de resistência” que nos remete sempre para práticas de autodefesa, desobediência e contrapoder. Dizia Vicente Risco –com acerto– que o futuro ao que se tende estriba no passado radical onde se procede. Trata-se, pois, de um futuro chamado a realizar-se. Para quem o queira entender melhor assim o expressava, sem circunlóquios, o velho kemperi, um dos últimos chamáns jaguar dos huaorani, na selva do leste do Equador. De jovem, somou-se ao grupo de guerreiros que emboscou e matou vários empregados da Shell na década de 1940 (o equivalente ao nosso Iberdrola, Naturgy ou Greenalia atuais). Doze operários perderam a vida a maos de guerreiros indígenas. Posteriormente a companhia deixou de operar nessa zona. Um dia perguntaram-lhe: “E se volvem os homens de capacete e uniforme?” Se volvem matamo-los –contestou com total normalidade– aqui faremos o que nos ensinaram os nossos pais e os nossos avôs.

Os slogans “avançados” dos anos sessenta e setenta: “desenvolvimentos”, “qualidade de vida”, “libertaçom pessoal”, ou “inestabilidade democrática do consumo geral”… som hoje o combustível ideológico que alimenta o arrasamento de territórios e comunidades humanas. Igual que hoje certo consenso progressista aplaude a era do consumo “online” e do smartphone como um dos dispositivos mais democratizadores jamais criados, teriam aplaudido a iniciativa bem sucedida de Fraga Iribarne, nos anos sessenta-setenta do século passado, de potenciar ao máximo na Galiza a criaçom de teleclubes, auténticas redes de penetraçom capilar de Televisom sobre todo o mundo rural graças à sua funçom coletiva em espaços comunais.

O nosso combate, a nossa defesa da Terra, é a impugnaçom mais decidida deste processo comandado pelo capital, o Estado, as suas elites, as suas instituições e os partidos do régime. Um processo de crescimento económico, acumulaçom de capital, destruiçom da Natureza e esterilizaçom social e cultural.

A defesa da Terra tem sido em origem a base de articulaçom dos projetos políticos do nacionalismo galego e seguirá a ser a força do pensamento arredista desde o qual construir projetos emancipadores. Projetos combativos que nom devem perder a perspectiva das transformaçons civilizadoras fundamentais, traduzidos em intervenções radicais nos seus condicionantes políticos, sócio-económicos e culturais.

Nom há escolha, ou resistência ou barbárie. Irmaos, irmás, nos conflitos onde questões vitais estám em jogo, a resistência –nom as concessões– é o essencial. E toda resistência no caminho da Terra, a liberdade e o amor à Vida nom se fará sem esforço nem sem loita.

Viva Galiza Ceive!

Denantes mortos que escravos!

CPIG 11 de outubro de 2023.


Comunicado íntegro: https://www.ceivar.org/2023/10/11/comunicado-do-cpig-no-dia-da-galiza-combatente/ 

jueves, 27 de julio de 2023

Comunicado presos

Los presos independentistas publican un comunicado con motivo del "Día de la patria gallega" del que ofrecemos un extracto:

Companheiros e companheiras:
Neste novo Dia da Pátria, recebei o saúdo fraterno dos/as prisioneiros/as da resistência galega a todas e todos aqueles em cujo coraçom e em cuja vontade a Galiza continua a resistir. Desde os cárceres de Espanha, desejamos que este ritual anual de encontro, celebraçom e luita da naçom galega, contribua para renovar o fermoso compromisso patriótico de quem cada 25 de julho acudides a Compostela, e sirva também para achegar força nova a esta conjura histórica das galegas e os galegos que nos negamos a deixar de sê-lo. (...)
Em última instáncia, a independência nom no-la dará ningumm parlamento, ma a nossa própria determinaçom coletiva de luitar e exercê-la na prática, de viver cada vez mais de costas às leis e aos poderes alheios.
Porque nom haverá legitimidade própria sem desobediência das leis espanholas, quanto mais teimemos em existir como povo, mais presente estará a repressom nas nossas vidas. Por isso, queremos finalizar fazendo um reconhecimento e um cahamento a fortalecer Ceivar, umha organizaçom com 20 anos de experiência e de dignidade às suas costas. Desejamos que a sua referência e o seu exemplo sejam ponto de encontro de novas e velhas geraçons de galegas e galegos insubmissos, e umha mostra sempre viva de como o arredismo sabe cuidar e defender a Galiza que luita.
Com o punho em alto e o coraçom ardendo, desde as nossas celas, hoje estamos com vós. Enviamos-vos nest dia o abraço irmandinho da nossa companheira e os vossos companheiros presos, que ao vosso carom, berram:

Viva o dia da Pátria!

Viva a Galiza que resiste!

Denantes Mortos/as que Escravos/as!

Coletivo de Presos/as Independentistas Galegos/as (CPIG)

Julho de 2023

martes, 11 de octubre de 2022

Comunicado de presos

Se publica un comunicado de los presos independentistas del que ofrecemos un extracto:

Desde meados dos anos 70 do século XX venhem desenvolvendo-se na Galiza diferentes projetos de luita armada: os irmandinhos (Frente Armada da UPG), Loita Armada Revolucionária (LAR), Exército Guerrilheiro do Povo Galego Ceive (EGPGC), e a resistência galega, o último destes movimento de autodefesa.

Em setembro de 1991 tivo lugar a última açom do Exército Guerrilheiro, e em 1994 a auto-dissoluçom da Assembleia do Povo Unido (APU), o seu braço político. Fechava-se assim um projeto político-militar que estivo presente quase 10 anos, entre finais de 1985 e 1994, com um saldo de  quase 100 açons armadas, quase 30 detidos e 2 guerrilheiros falecidos em combate, Dolores Castro Lamas e José Inácio Vilar Regueiro.

Nas vésperas do 25 de julho de 1995, com o ataque incendiário a umha entidade financeira na Corunha e a posterior detençom e encarceramento baixo a legislaçom anti-terrorista de dous jovens da Assembleia da Mocidade Independentista (AMI), inicia-se um novo ciclo de violência revolucionária na Galiza, protagonizada em boa medida pola mocidade arredista. Entre 1995 e 2003, num clima de relativa conflitividade social (greves gerais, tratoradas, levantamento estudantil contra a LOU, movimento contra a guerra do Iraque, crise do Prestige…) ensaia-se por primeira vez na Galiza a luita de rua e agitaçom ilegal com certa sistematicidade , prodigando-se simultaneamente os ataques com artefatos incendiários . Cara finais deste período esta subversom tem já umha alta regularidade e um relevante componhente de planificaçom e organizaçom, assim como bons níveis de execuçom.

Quiçais um bom exponente de todo isto seja a conversom por primeira vez do Dia da Pátria numha jornada de combate e luita, trasladando-se as noites do 24 de julho em Compostela momentos álgidos desta estratégia de tensom social e de enfrentamento aberto com o Estado. Este período vai sentar as bases da resistência galega, que vai definir-se e configurar-se definitivamente entre 2000 e 2004. Nos momentos álgidos da estafa bancário e o urbanismo depredador que nos levariam à crise económica de 2008, o independentismo galego começa a assinalar e atacar aos seus responsáveis. Em 2005 e 2011 saem à luz o 1º e 2º manifesto pola resistência galega, em 2014 divulga-se um vídeo-manifesto com a intervençom de um guerrilheiro da resistência galega na clandestinidade, e entre 2016 e 2018 aparecem os dous primeiros números do seu vozeiro “A guerrilheira”.

Vam ser quase 20 anos de luita pola defesa da Terra, mais de 20 pessoas encarceradas e mais de 60 ataques com artefatos explosivos e incendiários contra infraestruturas de colonizaçom, entidades financeiras, partidos políticos espanhóis com responsabilidades no régime de ocupaçom e empresas e pessoas comprometidas com a opressom e exploraçom da nossa Naçom.

Em muitos aspetos, a resistência galega nom é homologável a nenhuma outra experiência de luita armada na Galiza, nem sequer o é a nenhuma outra havida no Estado espanhol. Seguramente por esta razom acabou concitando tanto ruído mediático e tantas especulaçons a distintos níveis durante tantos anos.

Filho do cambio de século, o novo arredismo galego redesenhou o enfrentamento com Espanha desde parámetros diferentes aos que marcaram as estratégias político-militares esquerdistas das décadas dos 60, 70 e 80 de toma de poder e assalto ao Estado baixo a tutela de vanguardas dirigentes.

A militância galega concebeu-se a si mesma como “braço armado do povo”, nom de nenhuma estrutura política partidária. O seu braço político foi a comunidade nacional de resistência, que alimentou durante duas décadas a atividade insurgente. As experiências armadas precedentes e o novo contexto social e político vam marcar substancialmente as suas formas e os seus conteúdos. Mais que um poder de Estado e a monopolizaçom do poder político, o seu objetivo estratégico foi a construçom de contra-poder popular e autodefesa do território contra a máquina civilizatória do Estado e o Capital. Em consequência, a perspectiva política foi a de armar os movimentos sociais e a comunidade nacional de resistência com as ferramentas da sabotagem e a clandestinidade, formulando um projeto de construçom coletiva de poder e soberania desde abaixo, inserido num ecossistema de resistência e contestaçom.

Por isso mesmo umha das caraterísticas mais notáveis da resistência galega foi a vontade de invisibilidade mediática, a determinaçom de nom implicar-se na obscenidade do mercadejo político do capitalismo decrépito e a sua sociedade do excesso, de afastar-se de umha cultura esquerdista que a medida que é mais estéril e impotente mais se afana na catástrofe dos gestos valeiros, a auto-complacência, o exibicionismo e o esteticismo mais degenerado. E se bem é certo que este minimalismo político levou aparelhado alguns inconvenientes de compreensom e clasificaçom além da pequena rede de combate implicada que nos últimos anos começara a corrigir-se na sua justa medida, também o é que esta pulsom por viver, medrar e aprender a luitas no húmus comunitário sem a legitimidade e a bençom das diferentes cartas políticas do culto ao prestigio pessoal e dos chutes da civilizaçom egóica, é um facto de incalculável valor.

A autodefesa do nosso povo, o cuidado e a proteçom do nosso território som inegociáveis, disso depende a sobrevivência da nossa naçom. Nom é possível faze-lo sem humildade, realismo e invisibilidade total ante os aparelhos repressivos do Estado e as suas redes de controlo tecnológico.

Mália que a resistência galega se afastasse do modelo das organizaçons insurgentes tradicionais, os aparelhos repressivos do Estado Espanhol decidiram que devia ser umha organizaçom terrorista convencional, com todas as da lei, seguindo ao pé da letra o manual de contra-insurgência que vem implementando Espanha nos últimos 70 anos.

A resistência galega nom foi capaz de sobrepor-se à repressom do Estado e foi, finalmente desativada. A última açom armada tivo lugar em outubro de 2014. As última detençons produzírom-se em junho de 2019. Em janeiro de 2022 tivo lugar o juízo contra quatro independentistas sentenciados em firme a 64 anos de prisom em total, e o 2 de fevereiro dous destes irmaos foram de novo imputados noutra causa por estragos terroristas a raiz do ataque com explosivos em 2014 contra o Concelho de Baralha ocupado polo Partido Popular.

Hoje o Coletivos de Presos/as Independentistas Galegos/as (CPIG) sobrevive nos cárceres espanhóis como face visível e sujeito político da auto-defesa popular, digno referente de umha etapa de luita frontal contra a destruiçom e domesticaçom do nosso país. É umha honra para nós formarmos parte desse nacionalismo que leva 45 anos pagando com cadeia a sua firme determinaçom de nom entregar a nossa terra às bandas político-empresariais que, baixo as diretrizes do Estado capitalista pretendem perpetuar a velha acumulaçom por despojo.

Sim, os últimos 45 anos -excepto a ausência de prisioneiros/as por breves intervalos- houvo sempre presos e presas nacionalistas e arredistas nas cadeias espanholas. 

Desde 2005, o CPIG levou a resistência às prisons espanholas. Os seus membros fórom dispersados por Espanha adiante, classificados em módulos de regime fechado, intervidas as suas comunicaçons e negados muitos dos seus direitos. Mas conseguiu-se manter vivo e com boa saúde um projeto coletivo de assunçom do nosso caráter de presos e presas políticas e de nom acataçom do régime carcerário no que supom de ataque à dignidade humana e de impugnaçom da nossa autonomia, a nossa vontade de ser e de luitar.

O traslado a cárceres espanhóis na Galiza em 2019 e 2020 foi um fito importante. Supujo para nós umha melhora substancial na qualidade de vida tam ligada à necessidade de afetos e atençom de famílias, comunidade política e entorno social.

O CPIG em atençom aos já 8 anos sem açons da resistência galega, aos provavelmente sejam os últimos processos judiciais derivados da luita armada, à deteriorada situaçom do arredismo trás décadas de submetimento polo régime repressivo espanhol e ao contexto social e político atual, considera chegado o momento de fazer esta declaraçom de futuro:

Consideramos que as circunstancias acima citadas fecham umha etapa de luita e o CPIG está disposto e em condiçons de contribuir a que se faga coletivamente e com perspectivas de futuro, em chave política para avançar e nom para retroceder. Quando toca reconstruir, recuperar, centrar e priorizar esforços no fundamental, nom podemos ter abertas demasiadas frentes, é um luxo e é ineficiente. Por esta razom o CPIG adotou por unanimidade a decissom de desativar a frente carcerária exclusivamente naqueles aspetos que implicam, nas atuais circunstancias, um prolongamento inecessário da prisom, o desenraizamento familiar e social e a desconexom dos atuais processos de mobilizaçom social e regeneraçom política.

Em consequência a partir do 11 de outubro de 2022 o CPIG abre a possibilidade para que os presos e presas que assim o desejem podam acolher-se ao regulamento do régime prisional que possibilita sair da cadeia com permissos temporais antes do licenciamento definitivo e igualmente poder acedes aos 3º graos e á suspensom da execuçom da condena ou liberdade condicional. Derivado do anterior, também poderám cumprimentar os requisitos legais e regimentais necessários para a consecuçom destes objetivos de excarceraçom temporal e ou definitivo, excetuando a colaboraçom com Espanha na repressom do nosso movimento e o arrependimento político como ferramenta do Estado para deslegitimar a própria trajetória e a daqueles que combateram.

O CPIG mantem inalteráveis os seus princípios políticos e de vida na cadeia nom afetados polas decisons que acabamos de adoptar.

Princípios políticos

Reconhecimento da nossa condiçom de presos políticos.

Em relaçom com este reconhecimento, a reivindicaçom da Amnistia, como contestaçom de que o exercício político dos e das independentistas galegas estivo enmarcado no que a Declaraçom Universal dos Direitos Humanos denomina no sei limiar: “O supremo recurso da rebeliom”.

Direito a cumprir a condena em prisons da Galiza e a faze-lo de jeito coletivo, reagrupados no mesmo cárcere e na mesma unidade de convivência (no mesmo módulo).

Direito à intimidade e à privacidade das comunicaçons.

Princípios de vida na cadeia

Respeito e defesa da dignidade humana e dos direitos que legalmente nos amparam

Direito a viver sós na cela, rechaçando a partilha forçada do mínimo espaço vital com qualquer outro recluso.

Negar-se aos cacheios integrais, exigindo que polo menos proporcionem umha bata.

Para finalizar queremos reconhecer e valorar o acompanhamento feito todos estes anos polar nossas famílias, o nosso movimento, as organizaçons de solidariedade e tantas pessoas que título particular se venhem achegando a nós para oferecermos o seu apoio. A todas e todos, obrigadas!

A condiçom de presos políticos non nos outorga nenhuma prerrogativa, nom nos dá direito a maiores quotas de indulgência. Também cometemos erros, temos dúvidas e nom somos infalíveis. Por isso perdom por todos aqueles momentos que nom estivemos ou nom soubemos estar à altura das circunstancias ou a nível do vosso carinho e da vossa atençom.

A relativa complexidade do mundo atual, como o seu corolário de dificuldades e adversidades reais ou imaginarias aduze-se muitas vezes como contexto justificativo de propostas, de deserçom, rendiçons e individualismo militante. Nom há complexidade nem dificuldades capazes de eliminar o enorme desafio que o regime de destruiçom atual nos tem formulado como pessoas, como povo, como terra. Por isso seguimos firmes no caminho. Seguimo-lo juntos e queremos faze-lo sem deixar a ninguém atrás. Irmaos, irmás, em nome do fundamental, da vida e da terra, seguimos em luita. A condiçom extrema da luita é a oportunidade para a nossa liberdade, a nossa autodeterminaçom e sobrevivência como pessoas e como povo. A luita continua!

CPIG

11 outubro de 2022. Teixeiro e A Lama.

Viva Galiza ceive!

Denantes mortos que escravos!

Comunicado íntegro en: https://www.ceivar.org/2024/03/01/declaracom-do-cpig-outubro-2022/