miércoles, 11 de octubre de 2023

Comunicado de presos

Con motivo del "Dia da Galiza Combatente", el colectivo de presos independentistas publica un comunicado del que ofrecemos un extracto:

O 11 de outubro de 1990 os jovens independentistas galegos, José Inácio Vilhar Regueiro e Dolores Castro Lamas falecêrom no transcurso de umha acçom armada protagonizada polo Exército Guerrilheiro do Povo Galego Ceive.

Desde começos de século, os/as arredistas galegos/as temos erigido esta data para comemorar a lucidez, a coragem e a deterninaçom de tantos/as galegos/as que ao longo da história tenhem enfrentado o Estado opressor espanhol, transgredido e desobedecido as suas leis e desafiado o seu monopólio da violência.

A reatualizaçom das formas de conflituosidade e a impronta da memória coletiva como estruturante das escolhas no relativo aos modos e maneiras de atuar som o cerne disso que conhecemos como “cultura de resistência” que nos remete sempre para práticas de autodefesa, desobediência e contrapoder. Dizia Vicente Risco –com acerto– que o futuro ao que se tende estriba no passado radical onde se procede. Trata-se, pois, de um futuro chamado a realizar-se. Para quem o queira entender melhor assim o expressava, sem circunlóquios, o velho kemperi, um dos últimos chamáns jaguar dos huaorani, na selva do leste do Equador. De jovem, somou-se ao grupo de guerreiros que emboscou e matou vários empregados da Shell na década de 1940 (o equivalente ao nosso Iberdrola, Naturgy ou Greenalia atuais). Doze operários perderam a vida a maos de guerreiros indígenas. Posteriormente a companhia deixou de operar nessa zona. Um dia perguntaram-lhe: “E se volvem os homens de capacete e uniforme?” Se volvem matamo-los –contestou com total normalidade– aqui faremos o que nos ensinaram os nossos pais e os nossos avôs.

Os slogans “avançados” dos anos sessenta e setenta: “desenvolvimentos”, “qualidade de vida”, “libertaçom pessoal”, ou “inestabilidade democrática do consumo geral”… som hoje o combustível ideológico que alimenta o arrasamento de territórios e comunidades humanas. Igual que hoje certo consenso progressista aplaude a era do consumo “online” e do smartphone como um dos dispositivos mais democratizadores jamais criados, teriam aplaudido a iniciativa bem sucedida de Fraga Iribarne, nos anos sessenta-setenta do século passado, de potenciar ao máximo na Galiza a criaçom de teleclubes, auténticas redes de penetraçom capilar de Televisom sobre todo o mundo rural graças à sua funçom coletiva em espaços comunais.

O nosso combate, a nossa defesa da Terra, é a impugnaçom mais decidida deste processo comandado pelo capital, o Estado, as suas elites, as suas instituições e os partidos do régime. Um processo de crescimento económico, acumulaçom de capital, destruiçom da Natureza e esterilizaçom social e cultural.

A defesa da Terra tem sido em origem a base de articulaçom dos projetos políticos do nacionalismo galego e seguirá a ser a força do pensamento arredista desde o qual construir projetos emancipadores. Projetos combativos que nom devem perder a perspectiva das transformaçons civilizadoras fundamentais, traduzidos em intervenções radicais nos seus condicionantes políticos, sócio-económicos e culturais.

Nom há escolha, ou resistência ou barbárie. Irmaos, irmás, nos conflitos onde questões vitais estám em jogo, a resistência –nom as concessões– é o essencial. E toda resistência no caminho da Terra, a liberdade e o amor à Vida nom se fará sem esforço nem sem loita.

Viva Galiza Ceive!

Denantes mortos que escravos!

CPIG 11 de outubro de 2023.


Comunicado íntegro: https://www.ceivar.org/2023/10/11/comunicado-do-cpig-no-dia-da-galiza-combatente/